quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Vacina do Ebola

Uma epidemia mortal e fora de controle que a Organização Mundial de Saúde considera uma ameaça mundial. O ebola já atinge cinco países da África: Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal. O número de mortos, que chegou à marca de 2,5 mil, não para de crescer.Mas, finalmente, a ciência parece ter chegado a uma cura para a pior epidemia de ebola da História.Uma doença altamente contagiosa e mortal. Sintomas terríveis. Febre, dores e vômitos. O ebola já matou mais de 2,5 mil pessoas e, até agora, não tem cura.O avanço descontrolado da doença na África provocou uma crise internacional. Esta semana, os Estados Unidos anunciaram o envio de três mil militares para tentar ajudar na contenção dos principais focos.Até agora, médicos e cientistas estão perdendo a batalha. Essa é a pior epidemia de ebola de todos os tempos.Há nove meses, o vírus se espalha por Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal. Sete em cada dez doentes morrem. Agora, surgiu um remédio que pode virar esse jogo.A atual epidemia começou em dezembro, em uma vila remota da Guiné. Um menino morreu com febre alta, diarreia, vômitos e hemorragia interna. Ninguém sabe o nome dele. Ele passou a ser o "paciente zero", a origem do surto.Nos dias seguintes, toda a família do garoto morreu. Depois, as enfermeiras que cuidaram deles. Em seguida, todas as pessoas no vilarejo que entraram em contato com as vítimas.O vírus do ebola vive em morcegos que se alimentam de frutas nas florestas africanas. Eles não desenvolvem a doença, mas as pessoas se contaminam ao comer esses morcegos. Um costume entre esses povos.Durante 14 semanas, a epidemia se espalhou sem ser detectada. Quando se descobriu que o ebola estava se alastrando dessa forma, já era tarde demais.“Durante todo esse tempo todo, as pessoas não sabiam como se proteger”, afirma Inger Damon, gerente do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta, nos Estados Unidos.Os poucos postos de atendimento na Guiné são administrados pela ONG Médicos Sem Fronteira.“A gente só vê medo e desespero nos olhos das pessoas”, conta a médica Cokie Van Der Veld, do Médicos Sem Fronteira.O ebola é transmitido pelo contato com as secreções do corpo. Lágrimas, saliva, sêmen e, mesmo o suor, transmitem o vírus. Um problema a mais em países onde a higiene é precária.O vírus entra na corrente sanguínea e penetra nas células do corpo, onde o ebola se reproduz e se multiplica. Os tecidos internos morrem provocando hemorragias.“Os doentes sangram pelas gengivas, pelas narinas, têm diarreia e vômitos terríveis”, revela Cokie Van Der Veld.A maioria dos doentes morre em 12 dias, mas os corpos têm tantos vírus que ainda são altamente contagiosos. Prepará-los para o enterro é uma atividade de alto risco.“É como apagar uma pessoa. Tudo é esterilizado e tudo que entrou em contato com ela é queimado ou lavado com desinfetante. Os parentes só podem ver o morto através de uma cerca”, afirma a médica do Médicos Sem Fronteira.As epidemias anteriores de ebola não ultrapassaram regiões remotas da África, mas essa chegou a capitais e pode alcançar qualquer lugar do Planeta, se um portador do vírus embarcar em um avião. O ebola pode ficar incubado por mais de 20 dias antes dos primeiros sintomas.Por isso, começou uma corrida contra o tempo para encontrar a cura. O primeiro passo foi entender por que algumas pessoas sobrevivem ao vírus. Nessa epidemia, três em cada dez infectados vencem o ebola.O corpo humano consegue produzir anticorpos que matam o vírus. Mas como o ebola se reproduz com uma velocidade enorme, devastadora, a vítima acaba morrendo antes que o organismo tenha tempo de eliminar o intruso.A chave estava na forma como o ebola entra nas células humanas. O vírus tem pequenas ‘garras’ de proteína que o prendem na membrana das células. Elas não entendem que ele é um agressor e o deixam entrar. Lá dentro, ele se multiplica.Sabendo disso, foi projetado um remédio revolucionário chamado ZMapp, uma vacina que ajuda os doentes a produzirem os anticorpos que impedem que o vírus se ‘agarre’ às células.Impedidos de entrar, os vírus são atacados pelo sistema imunológico e destruídos. O problema: só três doses do remédio, ainda experimental, existiam no mundo inteiro.O enfermeiro inglês, Will Pooley, voluntário na Libéria, acordou uma manhã com febre alta. Ele fez o teste para ebola e deu positivo.“A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: ‘Como vou contar para os meus pais?’. Sabendo o que essa doença provoca, é assustador”, diz o enfermeiro Will Pooley.Will foi uma das primeiras três cobaias a usar o novo medicamento, junto com o médico norte-americano Kent Brantly e a missionária Nancy Writebol. Foi uma operação de risco.O ZMapp nunca tinha sido testado em humanos. Seu efeito podia ser um fracasso.“Eles precisaram tomar a decisão se iam ou não injetar o ZMapp, era uma coisa que ninguém sabia muito a respeito”, afirma o chefe do laboratório canandense para patógenos especiais, Gary Kobinger.Horas depois de usar o medicamento, a temperatura deles baixou. O vírus estava sendo eliminado do organismo. Em poucos dias, os três estavam recuperados.“Com o ZMapp, nós ganhamos tempo para que o organismo do paciente produza as suas próprias defesas”, diz Gary Kobinger.Agora o desafio é produzir rapidamente o ZMapp e distribuí-lo para as comunidades africanas afetadas. Parece uma fazenda de tabaco, de alta tecnologia, mas é lá que se produz a vacina do ebola.Um pedaço extra de DNA é injetado nas folhas. Esse código genético diz para as plantas produzirem os anticorpos que atacam os vírus do ebola.O processo de produção é lento. Os cientistas só conseguem produzir alguns gramas de vacina. Para chegar até as milhares de doses necessárias, vamos ter que esperar até dezembro.Longe dos laboratórios, na África Ocidental, o número de vítimas continua subindo, mas, finalmente, uma arma para conter a mais devastadora das epidemias de ebola está a caminho.

Fonte site G1 10/10/2014

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